Tempo, escolhas e ser quem se é…
Assistir O Homem do Futuro (2011) é mais do que assistir um simples filme, é silenciosamente tocar em um lugar sensível dentro de si – aquele lugar onde vivem as dúvidas, os pensamentos e arrependimentos sobre não ter feito algo diferente. E é nesse território sensível do emocional humano que o filme, dirigido por Cláudio Torres e estrelado por Wagner Moura, encontra morada.
Embora seja apresentado como ficção científica, apresentando viagens no tempo e experimentos, o longa-metragem brasileiro vai muito além do gênero. Usando a fantasia de voltar no tempo como metáfora para algo que se não todos, a maioria de nós já sentimos: a vontade de revisitar momentos marcantes da nossa vida, refazer escolhas que mudaram nosso caminho.
Com uma mistura muito bem executada de humor, drama e romantismo, O Homem do Futuro convida o espectador a refletir o peso das decisões e o impacto que cada uma delas tem sobre nosso futuro e quem nos tornamos. Mas o filme faz isso com leveza, sem ser moralista, permitindo a cada um tirar suas próprias conclusões sobre os acontecimentos. O enredo se desenrola como um espelho da experiência humana, com incertezas, frustrações e esperança de um recomeço.
A atuação de Wagner Moura é um dos grandes destaques do filme. Com seu carisma e intensidade, ele interpreta com maestria o personagem Zero, um professor de física na fictícia Universidade A. Magalhães e pesquisador envolvido em um projeto científico de um acelerador de partículas.


A fotografia do filme também pode ser destacada como uma peça-chave para a narrativa, optando por uma estética mais simples, porém sensível, a câmera capta a passagem do tempo através de composições visuais de luzes frias e ambientes interiores com tons mais quentes que evocam nostalgia quando retratam o passado. Esse jogo de cores e luzes é estratégico para a atmosfera emocional do filme, retratando o laboratório com tons frios para representar a solidão de Zero, e as cenas do passado com tons quentes para demonstrar a esperança de reviver certos momentos.
Outro destaque é a trilha sonora marcante, com releituras de músicas como “Tempo Perdido”, da Legião Urbana, cantada por Wagner Moura e Alinne Moraes, que emociona com o peso sentimental que destacou o filme em seu trailer e está presente nas cenas mais importantes. Outra releitura é “Creep”, do Radiohead, carregada de tensão emocional que se alinha perfeitamente com os momentos em que é apresentada. A trilha sonora em geral se destaca por apresentar grandes clássicos dos anos 90, como os citados acima.
Mais do que sobre viajar no tempo, O Homem do Futuro é um filme sobre perceber que talvez o maior desafio não seja mudar o que já aconteceu, mas aceitar quem fomos e hoje somos, com tudo que já vivemos. E isso por si só, já é uma enorme viagem no tempo.
Texto: Eduardo Veiga

Direção e Roteiro: Cláudio Torres;
Elenco: Wagner Moura, Alinne Moraes, Maria Luísa Mendonça, Gabriel Braga Nunes;
Duração: 1h46min
Disponível em Prime Vídeo